segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Propaganda eleitoral

Gostaria de conhecer o cara que inventou esse negócio de propaganda política. Digo "cara", porque mulheres jamais teriam esse mau gosto. Primeiramente, os panfletinhos que entregam nas portas das escolas, faculdades, no seu trabalho, no shopping e etc. Eu recebo e fico pensando: "QUANTA BURRICE". Eles têm a cara de pau de colocar a foto do candidato com algum sujeito que para eles tem algum prestígio. Partindo de que pressuposto? Qualquer anta analfabeta sabe, que brasileiro é ignorante mas é esperto. Principalmente visualmente (porque grande parte é analfabeta), então, se vêem lá no papelzinho a foto do camarada que está tentando se eleger, com a de um outro já eleito e que não agrada, PÁ! Candidato descartado. E ai eu me pergunto: - Que benefícios trazem esse tipo de parceria? Aposto que as despesas entre eles são rachadas. Esses dias eu tava entrando na faculdade e veio um homem me entregar um panfleto desses. Peguei pra evitar confusão, porque se vocês bem sabem, eles insistem até você aceitar, mesmo que dois metros adiante jogue na primeira lixeira sem ao menos ler o que estava escrito. Pois bem, peguei o tal panfleto e li. Tinha uma foto do camarada e ao lado o presidente. Pensei: BURRO! Grande parte da população ODEIA o presidente e o mesmo sentimento será transferido ao candidato que o apóia, e outra parte que AMA o presidente (como eu) nem mesmo olhou pra cara do sujeito. Desculpe, é que o lula é mesmo uma gracinha. Me concentrei apenas nele. E as propostas escritas atrás? Quem, me diz QUEM, em sã consciência vai parar 7 horas da manhã, ou saindo do shopping, ou chegando do trabalho, para ler algo tão mentiroso e em letras tão pequenas. Se fosse fonte 16 eu até tentaria JURO! Mas o que me aborrece de verdade, com toda certeza do mundo, é a propaganda nos carros. Eu diria que o marqueteiro que inventou isso é até inteligente, porque a desgraça da musica fica gravada na sua cabeça que nem música brega. Aí você se pega cantando no chuveiro, ou em alguma aula chata. Daqui a alguns anos, aposto que vão disponibilizar na internet pra toque de celular. Ou até mesmo musiquinha de natal: “Dingo bél, dingo bél, vote no Noel”. Uns dizem que até na hora do sexo gritam "123,456, vou votar no seu zézinho pra ganhar um presentinho" (obs: acabei de inventar essa porcaria, jamais vou ceder espaço pra alguma propaganda real). Poxa, isso deveria ser expressamente proibido! Juro que quando passa um carro com algum forró horroroso, ou rap brega, ou funk (observem que tem música pra todos os gostos) eu sinto vontade de me jogar na frente dele e dar a vida por um bem maior. Porque pense, se alguém morresse atropelado a população aproveitaria a oportunidade para se revoltar e acabar de vez com essa palhaçada (por favor, terminem de ler o texto antes de aderirem a minha idéia). Enfim, é angustiante e com certeza irritante. O bom, é que como a música é INESQUECÍVEL, eu já sei o número de todos os candidatos em quem NÃO VOTAR. Só não parei ainda pra pensar em quem VOU VOTAR, mas isso tá tranqüilo, não sobrou muita opção mesmo.

domingo, 24 de agosto de 2008

As pessoas deveriam entender o poder das palavras. Não é como um soco ou um tapa. Ficam marcas. Algo dificil de cicatrizar. O que eu li, confesso, não foi o pior. Triste mesmo foi o que veio depois. Porque é assim... As palavras sabe? elas carregam um peso. E naquele momento foi a dor. O chão sumindo aos poucos. Meus olhos se fechando na tentativa de conter as lágrimas. Porque elas insistem em me acompanhar? Tudo seria mais facil se não houvessem lembranças. Implorei para me perder e me escquecer. Tentei de todas as formas inexistir. Mas foi impossível.
Eu confesso que fingi. Mas não esqueci. Não mesmo. Elas ainda estão guardadas aqui. Comigo pra sempre. Como se fossem fantasmas. Todas aquelas palavras. Dentro de mim.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

O encontro

Ele abriu a porta, que exibiu um barulho suave e incômodo. Aquele “nhec” de porta emperrada de filme de terror.
Sophia estava sentada sobre sua mesinha digitando algo do paciente anterior em seu notebook. Ainda não havia dirigido o olhar para o rapaz que acabara de entrar em sua sala. Acredito que mais por medo do que por distração. Não queria encarar aqueles belos olhos azuis. Não mesmo!
Do outro lado da sala, ainda meio tímido, o garoto analisava o ambiente. Havia pouca luz – algo extremamente agradável para quem não a suporta- e os móveis eram de cores fortes e ao mesmo tempo impactantes: Preto e Branco. Ele havia gostado daquilo, eu podia sentir o cheiro de agrado naquele ambiente.
Normalmente, quando entro na sala de Sophia, confesso que sinto cheiro de horror. Não entendo como ela consegue ficar tanto tempo em um lugar que fede tanto. Tudo bem que seu olfato não chega nem aos pés do meu. Não é nada apurado quanto o meu e nem tão eficiente. Mas ainda sim não compreendo como ela consegue. Sabe? O lugar é pesado, têm cores pesadas, lembranças pesadas. De pessoas que passam e sentem prazer em deixá-las ali. Sophia diz: - Despeje aqui os teus problemas. – Claro que não dessa maneira. Em sua profissão, as palavras devem ser muito bem escolhidas para não assustar o paciente, para deixá-lo confiante e assim, enfim, permitir que se encontre.
Eu sei que falo demais e que você deve estar se cansando de mim, mas preciso de uma pausa para um comentário: - Como as pessoas convivem com si mesmas durante tanto tempo e mesmo assim não se conhecem? Não se encontram? Não tem a capacidade de saber quem são? – Confesso que acho graça disso tudo. Deve ser muito desconfortável ser sem ser. E pior, abrigar dentro de si, corpos estranhos.

- Bem, eu... – Na verdade ele não falou. Pensou em pronunciar algumas frases soltas, mas seu olhar estava fixo nela! Naquela boca rosada, cabelos lisos e negros, longos. – Meu deus! – ele pensou. Jamais havia visto algo tão belo em toda sua vida. Pensava agora mesmo em pegar o seu quadro, sua tinta, seu pincel e pintar. Bem ali. No meio da sala.
Sophia ainda estava “distraída”, de cabeça baixa, quando sentiu sua presença. Olhou de canto, esperando que o ar lhe voltasse aos pulmões. Estava branca. Pálida. Era o medo, novamente reinando naquele local.
- Boa tarde senhor... – ela fingiu que não sabia o seu nome.
- Gabriel. – ele completou.
- Sim! Gabriel. – Meu deus, o que estou fazendo? Que confiança vou passar para um paciente, se nem ao menos sei seu nome? – ela pensou.
- Doutora, gostaria de falar sem muitas voltas. Círculos são para os fracos. – ele apertava os lábios, na tentativa de conter o suor que lhe caia sobre a testa.
- Então, você não gosta de círculos? Mas o que representariam eles para você? – Sophia tentava retomar seu papel de analista.
- Bom – ele pensou um pouco- Círculos são como estradas sem fim. E pensar que exista algo sem um começo ou um fim me deixa incomodado.
- Por quê?
- Simples. Porque deixa de fazer sentido. A ordem natural do mundo segue um padrão. Uma pessoa nasce, cresce, vive um determinado tempo e depois morre.
- E a morte não lhe desperta nenhum sentimento ruim? – ela se sentia mais calma agora.
- É claro que não. A morte é apenas uma de nossas passagens.
- Então, você acredita que existe um mundo além deste? – Sophia estava interessada.
- Não coloque palavras em minha boca Sophia! Em momento algum disse existir mais de uma vida, ou mais de um mundo. – Gabriel estava um pouco exaltado.
- Droga – Sophia pensou. Aquilo não era uma conversa e sim uma consulta. Ela sabia que não deveria sugestionar o pensamento de um paciente. O sentimento interior de uma pessoa vai muito além do nosso próprio campo de entendimento.
- Me desculpe Gabriel. Não foi o que eu quis dizer – ela tentava desmanchar o rastro deixado por aquelas palavras.
- Sim, então concerte. – ele tentava adivinhar seus pensamentos.
- Você poderia me dizer, o que seria então uma passagem?
- Com todo prazer doutora – Ele parecia se divertir.

Para mim, que espreitava tudo de longe, aquilo parecia mais um jogo do que uma análise. De um lado, Sophia parecia desajeitada, retraída e incomodada com a presença dele. Enquanto Gabriel, maravilhado com a beleza dela, se divertia. Obvio que isso aconteceria. Ele não era um garoto qualquer. Ela apenas não se lembrava, mas já se conheciam de longa data.


- Quando digo passagem – ele continuou seu discurso- me refiro a mais um dos acontecimentos que implicam na razão da nossa existência. O nascimento é uma passagem, a adolescência é uma passagem, a velhice é uma passagem e a morte também. A diferença é que a morte é a ultima.
- Huuum – ela apenas fazia sinais para que ele continuasse.
- Quando você é jogado aqui pelos seus pais, ao nascer, está sujeito as regras do mundo. Assim como qualquer animal, planta ou ser que habita esse ambiente, o homem é apenas esterco – Gabriel riu.
- Esterco?
- Sim. Depois que você perde a vida, vai pra baixo do chão e vira um punhado de adubo pra terra.
- Essa então é a ultima passagem? – Sophia perguntou
- Sim. Não existe alma sem corpo doutora. No final, somos apenas uma capa frágil com um cérebro inteligente.

Sophia parou por alguns instantes para processar tudo o que havia ouvido. Claro que ainda era muito cedo para qualquer pré-julgamento. Ela não sabia nada sobre ele, sua vida, ou o motivo de estar ali. Naquele momento, queria mesmo era perguntar logo sobre Emmy. Mas seria antiético e ela deveria esperar ele tocar no assunto. Estava apreensiva e pela primeira vez, parecia não saber como agir diante de um paciente.

- E, antes que a senhora diga qualquer coisa – ele interrompeu – gostaria que me dissesse o que aquela garotinha quer de nós.

Meu deus! Ela ficou imóvel. Sentiu um vento gelado percorrendo todo seu corpo, como um sopro. Começou a suar frio e ver as coisas embaçadas. – Vamos! Segure-a! Ela vai desmaiar! – eu gritava desesperada. Sempre me esqueço que eles não conseguem me ouvir.

- Doutora? Esta tudo bem? – Gabriel percebeu que havia algo de errado.
- Sim, eu só preciso me sentar um pouco. – Sophia aproximou-se de sua cadeira e respirou fundo.
- Que garotinha, Gabriel?
- Doutora, eu já disse, nada de andar em círculos.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Lembranças

- O que você sente? - Ele perguntou com toda suavidade.
- Eu sinto uma dor insuportável. - Ela respondeu, ainda ofegante.
- E você consegue me dizer aonde dói?
-Dói dentro da minha alma. - ela disse.
- Dentro da ALMA? - Ele sorriu, como se aquilo fosse algo impossível.
- Nós não temos alma minha querida, isso é utópico demais para os seres humanos.
- Então, se não da alma, de onde vem essa dor que me consome a cada segundo? - ela continha lágrima em seus olhos.

Por um instante ele as enxugou com as próprias mãos, em sinal de pena. Era dificil explicar para aquela pobre menina que a dor deve ser física e que o espírito é apenas uma invenção dos homens.

- Essa dor provavelmtente vem de algum dos seus orgãos Helena.
- Dói o braço? Ou quem sabe o estômago? - ele continuou, tentando convencê-la.
- Não, não dói nada que possa ser tocado ou visto.
- Então isso não é dor! É uma invenção da sua mente perturbada menina! - Ele aumentou o tom de voz, em sinal de desaprovação.

A menina parecia desconsolada. Mas mesmo ouvindo o que o seu pai dizia e tentando acreditar, a dor permanecia, como se fizesse parte do seu ser.

- Você acha realmente que a dor independe da alma? - ela perguntou, querendo ouvir um não como resposta.
- Mas é claro! Já disse que a alma é pura invenção.
- Então, faça-me o seguinte: Feche os olhos e prenda a respiração.
- Aonde você quer chegar Helena? - Ele estava impaciente.
- Papai, apenas faça o que peço! Se não me compreender, prometo encerrar essa história.

Ele imaginou que seria uma boa oportunidade para acabar com aquela bobeira toda.

- Sim! estou de olhos fechados.
- Agora, prenda a respiração, como se fosse o seu ultimo sopro de vida.

Silencio por algum tempo. Ele estava ficando cada vez mais vermelho e certamente próximo da morte, que chegou bem perto e sussurrou algumas palavras em seus ouvidos. Subtamente sua respiração voltou, como mágica.

- Papai? Se puder me ouvir, faço o meu ultimo pedido.

Ele apenas acenou com a cabeça, positivamente.

- Continue de olhos fechados, e agora, pense na mamãe que não está mais entre nós.

Mais alguns segundos se passaram.

- Agora abra os olhos meu pai. - Viam-se lágrimas escorrendo por toda sua face.
- O que veio em sua mente quando não podia mais respirar?- Helena perguntou ao pai.
- Toda a minha vida. O meu casamento, o seu nascimento, a morte da sua mãe.
-E o que você viu, quando pedi para que pensasse nela?
- Lembranças minha filha. Lindas lembranças.
- E agora, dói?
- Mais do que você pode imaginar.
- Dói os braços, ou o estômago?
- Não. - Ele ainda estava pensativo.
- Mas então, aonde dói meu pai? - A pequena menina olhava fixamente para ele.
- Dói a alma minha filha, dói a alma.


São as lembranças que alimentam a alma. São elas, a própria alma. Mesmo que a morte chegue, mesmo que a respiração nos falte, seremos eternos enquanto formos lembrados.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Amiga encalhada!

Eu sempre me pergunto: -Porque ela ainda está solteira? - Afinal, não é nem um pouco feia. Loira, olhos claros, corpinho sarado. Juro que se eu fosse homem ... aarg..Mas nao sou e preciso urgentemente ajudá-la. Não que ela esteja desesperada ou coisa do tipo, gosto de pensar que elá tá é dando um tempo disso tudo, porque, cá entre nós, homem é um serzinho esquisito e apesar de ser essencial, dá um trabaaalho.

- Ei! você vem sempre aqui? - Eu me virei, perguntando pra ele.
- Ah.. am.. no banco? Bem, venho sempre que tenho que pagar algo né? Eu acho... - É evidente que ele ficou assustado com aquela pergunta repentina, mas eu nao ia desistir tão fácil.
- E .. bom, você tem namorada? - Claro, todos sabemos que essa é a pergunta chave! O garoto pode ser um gato, mas se tiver namorada não rola.
- Porque essa pergunta? Eu, éé.. conheço você?

Bom, não foi lá um ótimo começo, mas eu precisava fazer isso. Tudo bem que estávamos na fila de um banco e o garoto era desconhecido, mas não estava afim de desperdiçar nenhuma oportunidade. O mercado masculino anda muito escasso ultimamente e eu me sentia no dever de fazer isso por ela. E ela? Ah, ela obviamente não estava nada satisfeita com aquilo.

- Ray! O que pensa que está fazendo? - ela disse enfurecida.
- Resolvendo sua vida, oras! Como sua melhor amiga, me sinto no dever de ajudar.

O silêncio reinou por alguns segundos, a Nicole já ia abrir a boca quando eu a interrompi.

-Mas, você ainda nao me disse seu nome. - O garoto parecia encabulado.
-Eduardo, prazer.
- Prazer, Nicole.

É claro, meu nome não é esse. Tratei de apresentar a Nick sem delongas. Eles conversaram, conversaram, e até trocaram número de telefone. Enfim, já estava me achando heroína, quando na verdade estava mais pra "estúpido cupido". O garoto era um prego, grudou no pé da coitadinha e não largou mais. Ela teve até que mudar de telefone, e o vigia do banco, o seu João, disse que várias vezes o tal Eduardo esteve por lá, nos procurando.
Pobre Nick, não dá sorte mesmo! E eu, claro, não desisto nunca!

- Ei! você vem sempre aqui? - Obvio, essa pergunta é de praxe.
- É .. am .. aqui aonde? No ônibus? - Estava na cara que ele nao entendeu muito bem as minhas intenções.
-Ah, desculpa. - Dei um sorriso. - Na verdade gostaria de saber se você É daqui.
- Não, na verdade estou de passagem. - Ele disse de forma simpática.
- Jura? Mas que conhecidencia! Nós também. Essa é a minha amiga, a Nicole.

Pausa para um comentário: Imagine a cara da Nicole. Vermelha era pouco, estava roxa! Eu confesso que tive que segurar o riso, acho que é mais engraçada do que necessária essa busca por um namorado.

Depois de apresentá-los, fiz questão de mudar de lugar com ele para que ficasse mais próximo dela. Os dois conversaram, conversaram, e novamente trocaram endereços. Imaginei que minha missão estava cumprida.
E ... Bem, estaria, se ele não tivesse uma namorada. Maldito! Odeio esse tipo de garoto. Não se contenta com o que tem. Pior ainda, foi ver minha amiga com cara de idiota quando descobriu que era a Gabi a namorada do indivíduo.

Nota: A Gabi? Bom, ela era simplesmente a garota mais linda e cobiçada da cidade, logo, a mais nojentinha também. Preferimos deixá-la exibindo o namorado e carregando os troféus da traição. Bem feito!

A essa altura do campe0nato, ou da caça, eu ja estava desistindo. Eu sempre soube que seria difícil, mas não impossível. Decidi que essa seria a minha última tentativa e talvez chance.

- Eiiiiiiiiiiii, você vem sempre aqui! - Imaginei que sendo mais simpática, talvez desse certo.
- Err, na minha casa? Bom, eu moro aqui! - Ele falou sorrindo. E, devo dizer .. QUE sorriso!
- É que as vezes me esqueço que estou na sua casa Pedro. - Eu disse de forma sarcástica.
- Claro Ray, você quase mora aqui! Já estou quase cobrando pelas suas visitas. - Ele piscou gentilmente.
- Você já conhece a minha ...
-Amiga, a Nicole. Sim eu a conheço. -Ele interrompeu a minha fala.

Esse é o Pedrinho, meu amigo de longa data. Até hoje me questiono: -Como eu nunca havia pensado nele? - Uma gracinha de menino. Super simpático, inteligente, bem comportado...

Decidi levar a Nicole até ele, e vou dizer pra vocês, foi a pior coisa que já fiz na vida. Porque? Perguntem pra Nick!
Eles conversaram, conversaram, saíram e se deram muito bem por sinal. Eu já estava ajoelhada, rezando e agradecendo, esperando minha recompensa no céu e meu título de santa. Mas, a vida é bem complicadinha mesmo, e algo inesperado aconteceu - O Juan. Um latino de um metro e noventa e cinco, olhos castanhos, cabelos lisos. De enlouquecer!
A Nick conheceu o sujeito na padaria, vê se pode?! Tanto trabalho jogado fora. O Pedrinho até hoje pergunta porque ela não atende o telefone e eu finjo que não sei.
Filha da ...

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Depil-AAAi-ção – Um dia de cão!

- Aaaaaau! Essas eram as palavras que mais saiam da minha boca neste dia infeliz. Agora eu entendo, e dou viva e graças às tão bondosas feministas! Lutando pelos corpos cabeludos, pelo fim do sutiã e das calcinhas pequenas e desconfortáveis. Agora sim eu entendo. Nunca foi questão de direitos iguais ou revolução e sim de bom senso!

Sexta feira, dia do tormento. Dia em que as mulheres dedicam seu precioso tempo com coisas fúteis e aparentemente sem sentido como fazer o cabelo, a sobrancelha, as unhas e etc. Aquele famosoGeral tão temido e ao mesmo tempo tão desejado. Quando dizem que mulher é um bicho estranho eu acredito. Como pode alguém, pagar para sentir dor? Não é só estranheza, é BURRICE!Eu confesso que nunca fui muito adepta a esse história de salão de beleza. Mamãe sempre disse: - Menina, você tem que ser mais vaidosa. – E blá blá blá.

Mas eu nunca dei ouvido, até eu conhecer o meu namorado.Vocês mulheres sabem como é né? Todas têm aquela fase antes e depois do namorado. Antes: Cabelos esvoaçados, roupas despojadas e principalmente CURTAS, unhas descascando, calcinhas enormes (de bichinhos e confortáveis). Depois do namorado: Cabelos escovados e alisados (de preferência), roupas comportadíssimas, unhas muito bem feitas e calcinhas micro (vermellhas, brancas e pretas, pelo amor de deus, nada de bege, é broxante!).

Voltando ao assunto, já estava me perdendo, o tal dia de cão. Porque dou a ele esse nome? Simples. É o dia em que me sinto uma cadela, uivando, gemendo e gritando de dor, desesperada, implorando por misericórdia. É claro, os homens que agora estão lendo, devem se deliciar com minhas palavras, filhos da ... Não sabe o que sofremos pra manter esse corpinho, e tudo pra que? É o que sempre me pergunto. Para que?

Decidi fazer algo diferente hoje e marquei uma depilação. É obvio que eu sempre me depilo, mas normalmente é a canela e as axilas. Mas hoje, hoje decidi encarar o meu maior medo, e por insistência da Nicole (minha melhor amiga), decidi aderir ao movimento “Reclamar pra que? Nós nascemos pra sofrer!” e fazer isso logo de uma vez.
- Vamos Ray, nem dói tanto assim! Deixa de frescura. – ela disse.

Foram às palavras ameaçadoras e inquietantes que me fizeram forte para entrar naquele cubículo escuro e misterioso, intitulado por mim como “sala dos horrores”, mas que tinha como nome real, Sala da Depilação.Eu juro, juro por Deus que se soubesse o que me aguardava, jamais teria entrado ali. Preferia morrer cabeluda como uma aranha, do que ser despelada daquele jeito! Um absurdo! Absurdo!
- Vamos, deite-se mocinha! – foram as primeiras palavras da maldita, digo, depiladora.
- É a primeira vez? – ela continuou falando, para me deixar mais confortável.
- Sim, que eu depilo a virilha é a primeira vez sim. – eu disse ainda meio envergonhada.
- Ah, então temos uma iniciante! – ela sorriu alegremente, com todo aquele ar de torturadora, feliz em maltratar mais uma pobre menininha indefesa.
Eu apenas sorri, sem muitas palavras.
- Então... Pode se ajeitar minha querida.
Me ajeitar? Como assim me ajeitar? Já estava deitada e aparentemente confortável o que mais ela queria?
- É .. Err ...Já estou ajeitada.
Ela riu, mas logo se recompôs.
- Não, minha querida, você precisa tirar tudo! – ela falou, como se fosse à coisa mais normal do mundo.
- Tirar ...TUDO? – ela só pode estar brincando. Mal conhecia aquela senhora e ela queria que eu ficasse peladinha? Nem minha mãe me vê sem roupas, só pode ser uma brincadeira de muito mal gosto.
- Sim minha filha, tudo! – ela falou meio impaciente.
Bom, eu já estava ali não é? O que mais podia fazer? Em minha mente, todos os palavrões possíveis se projetavam, e com toda vergonha que já senti em minha vida, fiquei nua na frente daquela estranha.
Imaginem só a conversa daquela sujeita com as amigas:
- sabe, a minha cliente das 15:00hrs? A .... dela, é enoooorme! Nunca vi algo tão arreganhado!
- Jura? – diria a amiga ainda incrédula.
- Acredite! Fora as gordurinhas concentradas na cintura, se eu fosse o namorado dela ....

Eu achei que ela ia se calar e começar logo o serviço. Mas elas são espertas, aposto que treinadas pelo governo, ou por alguma instituição (obviamente MASCULINA), para nos fazer sofrer.
Suas palavras não eram para me acalmar, pelo contrário, eram para me distrair! Quando eu vi, já sentia a cera queimando as minhas coxas, e arrepiando todos os cabelinhos do meu corpo. Quando digo todos, são realmente TODOS! A desgraçada nem me esperou, e ...

-AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAiiiii! – foi apenas o primeiro puxão. Sentia o suor correndo e meu corpo estremecer.
- doeu? – ela perguntou, com uma cara meio triste.

Não?! Claro que não, eu gritei de alegria, imbecil!
É claro que eu não disse isso, apenas acenei com a cabeça, para que ela continuasse.Aquele dia parecia não passar nunca e para ajudar ela falava sem parar.
Falava sobre o vizinho drogado, sobre a filha na faculdade, sobre um garoto que morreu, e eu fingia que ouvia. Na verdade eu estava a xingando, xingando mentalmente, com todas as minhas forças.

-Sabe? Essa vida de salão é muito corrida, tem dia que não consigo nem almoçar.
É? Jura?Pois bem feito, espero que você morra de fome, vadia miserável!
Era o que eu pensava, e a cada puxão, rezava para todos os deuses, santos e demônios, pedindo que aquilo acabasse.
Eu sei, eu sei que não é culpa da pobre, mas nessas horas você não fica muito racional e a minha vontade era levantar pelada daquela mesa e quebrar tudo naquele lugar, principalmente a cara daquela infeliz.
-Pronto! Na frente nós já terminamos.
- Graças a deus! – eu disse sem pensar.
– mas, como assim na frente? Isso quer dizer que ...
- sim, vire-se, agora é o bum bum.
Ela só pode estar brincando! Quer que eu fique de quatro?
-isso é realmente preciso? – disse com uma voz inconformada
- claro, tem que ficar bem feito! – ela retrucou.

Bom, já estava pelada, com minha “amiga” a mostra, toda quente e cheia de cera. Ficar de quatro não ia ser nada demais.Senti cada puxão e sofri cada segundo. Ela disse que foi rápido.Rápido, sei. Foi uma eternidade isso sim! Depois de estar toda “lisinha”, vesti minha roupa e marquei outro horário. Ainda tive que agradecer, vaca! Como se ela tivesse feito algo de bom por mim.Saí revoltada daquele lugar, jurando nunca mais voltar.Ainda tive que aturar meu namorado dizendo que não dói nada! Arrrg! Deixa ele, ainda o levo pra depilar a barba!E o pior de tudo é saber que esse sofrimento jamais vai acabar.

15 dias depois, os primeiros pelinhos nasciam novamente. Malditos, porque não ficam quietinhos ai?

terça-feira, 22 de julho de 2008

Futebol de Domingo

O famoso dia de domingo. Futebol com os amigos, cervejinha gelada e mulheres (de preferência que não sejam as namoradas). Pra eles é um dia mais do que especial, diria até único, mas a felicidade não é eterna e nós mulheres não somos tão passíveis quanto aparentamos. Eu me arriscaria a afirmar, com toda minha convicção de observadora, que a partir do momento que as mulheres resolveram se reerguer diante da submissão, foram capazes de conhecer o poder de um barzinho com as amigas. E isso com certeza foi o caos, se não um dos motivos do apocalipse. Diria até, que o dia de domingo jamais foi o mesmo!Antes dedicado a tarefas domésticas, como lavar roupa, cozinhar, varrer o chão, organizar o guarda-roupas e afins, agora direcionado ao futebol, cervejinha gelada e fofoca. Muito mais produtivo e divertido, mas ao mesmo tempo, muito mais incomodo na visão masculina. Imagine o quanto deve ser angustiante, ver cada vez mais mulheres invadindo um espaço antes másculo e rude? Onde só se viam homens por todos os lados, esbanjando virilidade e exibindo seus grandes feitos para a humanidade: - Cara, lembra daquela gostosa do 401? Mandei um bilhetinho, e dois dias depois, ela tava tomando café da manhã na minha cama! - mas que agora, só se vêem mulheres gritando Gol e comentando sobre as coxas torneadas dos jogadores. Mas é obvio que este não é o único problema. Já não bastava termos roubado o cenário empresarial e do mercado de trabalho, nos espalhando pelas ruas, escritórios, hospitais, padarias, clínicas, empreiteiras, corpos de bombeiros, trabalhos policiais e militares, também invadimos os CAMPOS DE FUTEBOL e os barzinhos. Concordo que foi uma ousadia tamanha, mas muito gratificante.
Toda vez que saio de casa, objetivando ver um jogo de futebol, fico mais emocionada. Torcer com todo fervor para o meu time, vestir a camisa P (que antes só se fabricava G, GG e extra G) super sexy, pedir uma gelada e falar sobre o corte de cabelo horroroso da Mariinha, ou sobre a roupa brega que a Fernanda resolveu comprar. É claro que nem tudo são flores, principalmente para o meu namorado que não fica nada satisfeito com a situação. Primeiro porque não sonhamos com a mesma vitória, já que torcemos por times diferentes (nota: é incrível como o time dele passou a ganhar freneticamente do meu, depois que nos conhecemos) e segundo, porque o meu timão tem um bar, ao lado da minha casa, o que faz com que eu o freqüente quase que diariamente, e o que faz com que ele fique maluco.
Enfim, acredito que um dia eles possam suportar a dor da perda. Afinal, agora as namoradas não mais esbravejam, choram e xingam quando eles dizem - Amorzinho, hoje é domingo, dia do futebol com os amigos. - Não, pelo contrário. Agora elas dizem : - Amor, anda logo, o jogo já vai começar!
É, eu sei. Não imagino marmanjos no cabelereiro, lendo manchetes de revistas como:
"Saiba Como deixar o sexo mais selvagem", ou entao " Os principais bebefícios da depilação", afinal, isso não faz muito o tipo deles. Mas convenhamos que o número de metrossexuais vem aumentando, e se eles podem dividir o secador, o espelho e a manicure com a gente, porque não podemos dividir o futebol, a gelada e as pernas malhadas dos jogadores com eles?