quarta-feira, 23 de julho de 2008

Depil-AAAi-ção – Um dia de cão!

- Aaaaaau! Essas eram as palavras que mais saiam da minha boca neste dia infeliz. Agora eu entendo, e dou viva e graças às tão bondosas feministas! Lutando pelos corpos cabeludos, pelo fim do sutiã e das calcinhas pequenas e desconfortáveis. Agora sim eu entendo. Nunca foi questão de direitos iguais ou revolução e sim de bom senso!

Sexta feira, dia do tormento. Dia em que as mulheres dedicam seu precioso tempo com coisas fúteis e aparentemente sem sentido como fazer o cabelo, a sobrancelha, as unhas e etc. Aquele famosoGeral tão temido e ao mesmo tempo tão desejado. Quando dizem que mulher é um bicho estranho eu acredito. Como pode alguém, pagar para sentir dor? Não é só estranheza, é BURRICE!Eu confesso que nunca fui muito adepta a esse história de salão de beleza. Mamãe sempre disse: - Menina, você tem que ser mais vaidosa. – E blá blá blá.

Mas eu nunca dei ouvido, até eu conhecer o meu namorado.Vocês mulheres sabem como é né? Todas têm aquela fase antes e depois do namorado. Antes: Cabelos esvoaçados, roupas despojadas e principalmente CURTAS, unhas descascando, calcinhas enormes (de bichinhos e confortáveis). Depois do namorado: Cabelos escovados e alisados (de preferência), roupas comportadíssimas, unhas muito bem feitas e calcinhas micro (vermellhas, brancas e pretas, pelo amor de deus, nada de bege, é broxante!).

Voltando ao assunto, já estava me perdendo, o tal dia de cão. Porque dou a ele esse nome? Simples. É o dia em que me sinto uma cadela, uivando, gemendo e gritando de dor, desesperada, implorando por misericórdia. É claro, os homens que agora estão lendo, devem se deliciar com minhas palavras, filhos da ... Não sabe o que sofremos pra manter esse corpinho, e tudo pra que? É o que sempre me pergunto. Para que?

Decidi fazer algo diferente hoje e marquei uma depilação. É obvio que eu sempre me depilo, mas normalmente é a canela e as axilas. Mas hoje, hoje decidi encarar o meu maior medo, e por insistência da Nicole (minha melhor amiga), decidi aderir ao movimento “Reclamar pra que? Nós nascemos pra sofrer!” e fazer isso logo de uma vez.
- Vamos Ray, nem dói tanto assim! Deixa de frescura. – ela disse.

Foram às palavras ameaçadoras e inquietantes que me fizeram forte para entrar naquele cubículo escuro e misterioso, intitulado por mim como “sala dos horrores”, mas que tinha como nome real, Sala da Depilação.Eu juro, juro por Deus que se soubesse o que me aguardava, jamais teria entrado ali. Preferia morrer cabeluda como uma aranha, do que ser despelada daquele jeito! Um absurdo! Absurdo!
- Vamos, deite-se mocinha! – foram as primeiras palavras da maldita, digo, depiladora.
- É a primeira vez? – ela continuou falando, para me deixar mais confortável.
- Sim, que eu depilo a virilha é a primeira vez sim. – eu disse ainda meio envergonhada.
- Ah, então temos uma iniciante! – ela sorriu alegremente, com todo aquele ar de torturadora, feliz em maltratar mais uma pobre menininha indefesa.
Eu apenas sorri, sem muitas palavras.
- Então... Pode se ajeitar minha querida.
Me ajeitar? Como assim me ajeitar? Já estava deitada e aparentemente confortável o que mais ela queria?
- É .. Err ...Já estou ajeitada.
Ela riu, mas logo se recompôs.
- Não, minha querida, você precisa tirar tudo! – ela falou, como se fosse à coisa mais normal do mundo.
- Tirar ...TUDO? – ela só pode estar brincando. Mal conhecia aquela senhora e ela queria que eu ficasse peladinha? Nem minha mãe me vê sem roupas, só pode ser uma brincadeira de muito mal gosto.
- Sim minha filha, tudo! – ela falou meio impaciente.
Bom, eu já estava ali não é? O que mais podia fazer? Em minha mente, todos os palavrões possíveis se projetavam, e com toda vergonha que já senti em minha vida, fiquei nua na frente daquela estranha.
Imaginem só a conversa daquela sujeita com as amigas:
- sabe, a minha cliente das 15:00hrs? A .... dela, é enoooorme! Nunca vi algo tão arreganhado!
- Jura? – diria a amiga ainda incrédula.
- Acredite! Fora as gordurinhas concentradas na cintura, se eu fosse o namorado dela ....

Eu achei que ela ia se calar e começar logo o serviço. Mas elas são espertas, aposto que treinadas pelo governo, ou por alguma instituição (obviamente MASCULINA), para nos fazer sofrer.
Suas palavras não eram para me acalmar, pelo contrário, eram para me distrair! Quando eu vi, já sentia a cera queimando as minhas coxas, e arrepiando todos os cabelinhos do meu corpo. Quando digo todos, são realmente TODOS! A desgraçada nem me esperou, e ...

-AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAiiiii! – foi apenas o primeiro puxão. Sentia o suor correndo e meu corpo estremecer.
- doeu? – ela perguntou, com uma cara meio triste.

Não?! Claro que não, eu gritei de alegria, imbecil!
É claro que eu não disse isso, apenas acenei com a cabeça, para que ela continuasse.Aquele dia parecia não passar nunca e para ajudar ela falava sem parar.
Falava sobre o vizinho drogado, sobre a filha na faculdade, sobre um garoto que morreu, e eu fingia que ouvia. Na verdade eu estava a xingando, xingando mentalmente, com todas as minhas forças.

-Sabe? Essa vida de salão é muito corrida, tem dia que não consigo nem almoçar.
É? Jura?Pois bem feito, espero que você morra de fome, vadia miserável!
Era o que eu pensava, e a cada puxão, rezava para todos os deuses, santos e demônios, pedindo que aquilo acabasse.
Eu sei, eu sei que não é culpa da pobre, mas nessas horas você não fica muito racional e a minha vontade era levantar pelada daquela mesa e quebrar tudo naquele lugar, principalmente a cara daquela infeliz.
-Pronto! Na frente nós já terminamos.
- Graças a deus! – eu disse sem pensar.
– mas, como assim na frente? Isso quer dizer que ...
- sim, vire-se, agora é o bum bum.
Ela só pode estar brincando! Quer que eu fique de quatro?
-isso é realmente preciso? – disse com uma voz inconformada
- claro, tem que ficar bem feito! – ela retrucou.

Bom, já estava pelada, com minha “amiga” a mostra, toda quente e cheia de cera. Ficar de quatro não ia ser nada demais.Senti cada puxão e sofri cada segundo. Ela disse que foi rápido.Rápido, sei. Foi uma eternidade isso sim! Depois de estar toda “lisinha”, vesti minha roupa e marquei outro horário. Ainda tive que agradecer, vaca! Como se ela tivesse feito algo de bom por mim.Saí revoltada daquele lugar, jurando nunca mais voltar.Ainda tive que aturar meu namorado dizendo que não dói nada! Arrrg! Deixa ele, ainda o levo pra depilar a barba!E o pior de tudo é saber que esse sofrimento jamais vai acabar.

15 dias depois, os primeiros pelinhos nasciam novamente. Malditos, porque não ficam quietinhos ai?

2 comentários:

Anônimo disse...

Adorei o texto, Ray! Como sofremos, nom? Colocou muito bem a verdade feminina. Um texto muito fluido, simplesmente o máximo. Gosto deste tipo de visão... Eu irei te feed, ok? Amo-te para todo o Sempre, irmã!
Coragem na próxima vez ;)

Unknown disse...

AMOOORRR XOREI DE TANTU RI VC É REALMENTE UMA ESCRITORA DE MAO XEIA ....EH MT BOM LER SEUS TEXTOS BJUS AMIGA TE ADOROOOOO